ARQUITETURA E URBANISMO - TURMA N6A
SISTEMAS
ESTRUTURAIS - GRANDES VÃOS
Pesquisa de
Estruturas – Viga Vagão
Professora Maria Regina
Componentes:
Felipe Henrique – R.A. 20109258
Bruno Souza – R.A. 20251779
Vigas Vagão, como funcionam.
O nome viga
vagão deve-se ao fato de que esse tipo de viga é utilizada como elemento
estrutural para reforço das vigas metálicas principais de vagões de trens.
Análises
do sistema Viga Vagão
a) Vagão tipo PBC
b) Vagão
tipo PEB
De imediato
é possível notar que o sistema é leve e estável. Observa-se que não existem
contenções laterais nas extremidades inferiores dos montantes. A própria viga é
responsável por absorver todo o empuxo horizontal que o cabo aplica nos apoios,
resultando em apenas forças verticais (REBELO e BOGÉA, 2004).
As vigas
vagão representam um importante sistema estrutural capaz de promover um melhor
aproveitamento do material, tendo em vista a significativa redução dos esforços
e deslocamentos neste arranjo estrutural. É um sistema misto formado por
madeira e aço. Na literatura internacional este tipo de viga é também chamado
de treliça invertida.
Na peça
principal de madeira, fixam-se os montantes de madeira e posteriormente, faz-se
a ligação de uma extremidade da viga com a outra, por meio de tirantes de aço
que passam pelos montantes, formando a configuração exibida na figura abaixo. O aço
é empregado como um reforço à tração para o sistema.
Para a viga
vagão com um único montante, sua configuração assemelha-se à de uma treliça,
sendo o cabo a barra tracionada. A partir de dois montantes, a treliça
distingue-se da viga vagão por necessitar de diagonais, para formar os tramos
triangulares. O sistema de treliça pode ser mais rígido que o viga vagão. Em
contrapartida, é menos econômico, uma vez que necessita de mais barras e mais
ligações.
Além da
quantidade de montantes, o posicionamento dos mesmos é relevante no funcionamento
do sistema. A figura abaixo ilustra a tensão normal e o deslocamento do sistema
em função do posicionamento dos montantes, em uma viga de 500 cm de vão livre.
Por isto, pode-se concluir que a condição ideal para posicionamento do montante
é algo em torno de um terço do vão, uma vez que, pela figura abaixo, observa-se que
a curva com menor deslocamento vertical e tensão está próxima a 170 cm.
a) Influência no
deslocamento do sistema
|
b) Influência na tensão gerada na viga
|
Herzog et
al. (2008) apresenta alguns exemplos de aplicação de vigas do tipo vagão com
diferentes formas de posicionamento dos montantes. Isto garante à estrutura um
comportamento tridimensional.
Montantes
duplos com um cabo Montantes
duplos com dois cabos
Dois
montantes inclinados Montantes
em V
A função
excercida pelo cabo de aço é reforçar a viga, diminuindo-lhe o vão. Assim,
vigas de menor dimensão podem vencer maiores vãos. O sistema resultante da
associação de vigas com montantes e tirantes resulta no comportamento de uma
viga contínua.
Os sistemas
viga vagão analisados são eficientes quanto à rigidez e à resistência e,
portanto, são adequados para usos em diferentes formas de estruturas
constituídas por aço e madeira.
Embora não
existam muitas as publicações dedicadas ao estudo acerca do tema e não seja um
sistema construtivo corriqueiro na construção civil, é possível encontrar
algumas construções utilizando a viga vagão, para cobertura, em pontes e
passarelas.
Estrutura em telhado – Uberlândia
Viga de aço em piso.
Madeira e aço em cobertura
Madeira e aço em cobertura.
Porém, esta
ausência de conhecimentos difundidos sobre o sistema, aliado aos vícios de
montagens das estruturas de madeira convencionais, às vezes, acarretam em
aplicações inadequadas da viga vagão. Isto representa aumento de custos e perda
de qualidade do sistema produzido.
Por se
tratar de um sistema misto, sua eficiência está diretamente relacionada com a
interligação de um elemento ao outro, para que trabalhem perfeitamente em
conjunto. As informações divulgadas no meio científico são bastante genéricas
como as apresentadas em Ritter e Faherty (1999). São informações de cálculo em
sistemas reticulados onde os pontos e as formas de fixações dos tirantes não
são considerados.
Quando é
utilizado o cabo de aço, em viga de madeira com seção simples, existem diversas
formas de fixá-lo na madeira. Gesualdo e Lima (2007) apresentam o sistema
chamado de cabo enlaçado superiormente, para vigas com seção circular, no qual
a ligação se dá com o auxílio de pinos tranversais. De maneira semelhante
existe o cabo enlaçado inferiormente. Para peças com seção retangular.
Enlaçamento
Superior Enlaçamento
Inferior
Gesualdo e
Lima (2004) constataram que o melhor posicionamento do cabo é quando o pino
está abaixo da linha neutra da viga, pois é gerado um efeito favorável em
relação ao momento aplicado nas extremidades da viga. Quando posicionado acima
da linha neutra, o efeito é desfavorável.
Quanto ao
cabo de aço e ao pino utilizado na interface entre cabo e viga, Morais e
Gesualdo (2008) notaram que o diâmetro do pino interfere diretamente em alguns
esforços, como na força de tração no cabo de aço. À medida que o diâmetro dos
pinos é aumentado, a força no cabo de aço aumenta consideravelmente. Porém,
quanto à tensão na viga e ao deslocamento do sistema, o aumento do diâmetro dos
pinos tem efeito favorável.
Apesar de
ser um sistema pouco difundido até os dias atuais, Gesualdo e Cunha (2009)
comprovaram numericamente a eficiência da viga vagão quanto ao aumento da
resistência quando comparada com vigas simples. A figura abaixo corresponde a
análise numérica de uma viga simples bi-apoiada de seção transversal 4 cm × 13
cm e uma viga vagão com mesmas dimensões. O referencial teórico é a fórmula do
comprimento (L) sobre 200, representado no gráfico pela curva verde.
É notório
que o emprego da viga vagão, quando se trata de vencer maiores vãos, suportar
maiores carregamentos, é vantajoso. Pelo gráfico exposto na figura observa-se
que o aumento gradativo do comprimento da viga gera um aumento significativo na
relação de eficiência entre viga simples e viga vagão. Para um sistema com 3 m
de comprimento a razão viga vagão sobre viga simples é de 0,85, para o sistema
com comprimento de 4 m, a razão é 0,34 e para o comprimento de 5 m, tem-se uma
razão de 0,17.
Na seção
seguinte serão abordadas características gerais sobre o sistema de fôrmas e
escoramentos e será sugerida uma forma de aplicação da viga vagão em
substituição de grande parte do escoramento necessário ao sistema convencional.
Centro de Arte e Educação dos Pimentas
A cobertura
ventilada e leve atrai as atenções. Em seus 250 m, abriga uma praça linear que
conecta os elementos do programa. A praça, as quadras e as salas recebem com
cor e dinamismo usuários ávidos por lazer, esporte e cultura, itens
essenciais à conquista da indepência e ao espírito comunitário dos cidadãos de
região carente de Guarulhos.
A arquitetura foi em
boa dose determinada pelas características do terreno estreito e comprido, de
30.780 m². Assim, a solução adotada foi implantar a escola acompanhando o
desenho do lote, ou seja, em uma configuração linear na qual se destaca a grande
cobertura metálica de 250 m de comprimento e 30 m de largura. "Com um
terreno de 300 m de profundidade, nossa idéia era criar uma grande praça
longitudinal, linear e coberta, constituindo-se em espaço público importante
para um bairro cuja população é de aproximadamente 400 mil pessoas",
declara o arquiteto.
A cobertura é dotada
de sistema de sheds que fornecem iluminação ao espaço interno e composta por telhas
metálicas de aço tipo painel com isolamento térmico e acústico, apoiadas a
cada 6 m em vigas-vagão metálicas com mão-francesa, tendo 20 m de vão e 5 m de
balanço em ambos os lados. Essas telhas fazem também o fechamento dos espaços
laterais entre a cobertura metálica e os blocos dos diferentes setores,
executados em alvenaria e concreto moldado in loco. As janelas das
salas de aula voltadas para a face oeste receberam proteção com brises de
alumínio instalados nos locais onde não há fechamento em U-Glass. Fixados
externamente, criam um ritmo peculiar e valorizam plasticamente o conjunto.
Na entrada da
escola, ao sul, a cobertura se prolonga em um balanço de 18 m, com função
de marquise, fazendo o sombreamento para a praça de acesso. Na outra
extremidade, a solução se inverte: há um fechamento com parede inclinada a 45°
onde está a quadra poliesportiva coberta.
As bordas
longitudinais dessa cobertura abrigam todos os setores da escola, de acordo
com suas especificidades. No piso térreo da face oeste estão biblioteca,
administração e restaurante, e no pavimento superior ficam o mezanino da
biblioteca e as salas de aula. Na face leste localizam-se os volumes das
salas multiuso, ginástica olímpica, dança e auditórios, todos com pé-direito
duplo e dotados de mezanino. Esses espaços são articulados por um vazio central
com pé-direito de 11 m que culmina na área reservada à quadra poliesportiva,
onde o pé-direito aumenta para lS m, dada a natureza do seu uso.
Complementando a
área destinada às atividades de lazer e esportes, há duas quadras
poliesportivas em uma das laterais externas e um conjunto aquático de três
piscinas, incluindo uma infantil, na outra lateral. Os vestiários que servem
aos usuários das piscinas ficam no subsolo.
O vazio
central é uma praça, local onde acontecem os momentos de bate-papo e encontros
dos jovens. Há bancos de concreto pintados em cores alegres
entremeados pelo verde repousante de gramados, em um layout moderno e agradável
que sugere descontração e bom humor. Também é nessa praça térrea que estão os
acessos ao piso superior, como escadas e rampa metálica sustentada por uma
parede de concreto que recebeu recorte arredondado, em efeito que nos remete às
aberturas de Siza no Museu Iberê Camargo (AU 171) - aberturas que nos fazem ver
além do espaço em que estamos.
A atmosfera Iúdica
desse vazio central é acrescentada pelas cores fortes e vibrantes das paredes
internas que recebem tons de verde, laranja e amarelo. "Trata-se de
uma solução bem brasileira, facada na cobertura - solta, ventilada, leve e
capaz de acoplar os elementos do programa como células independentes",
arremata o arquiteto Mario Biselli.
Dados da obra
Área do terreno:
30.700 m²
Área construída: 16.000 m²
Área construída: 16.000 m²
Ficha Técnica
Arquitetura: Biselli
& Katchborian Arquitetos Associados
Autores: Mario Biselli e Artur Katchborian
Colaboradores: Paulo Roberto dos Santos Barbosa, Luiz Marino Kuller, Cássia Lopes Moral, Cassio Oba Osanai, Camila Bevilacqua de Toledo, Gabriel César e Santos, Ana Carolina Ferreira Mendes, Débora Pinheiro
Estrutura: Edatec - Enio Canavello Barbosa
Construçao: JZ Engenharia
Autores: Mario Biselli e Artur Katchborian
Colaboradores: Paulo Roberto dos Santos Barbosa, Luiz Marino Kuller, Cássia Lopes Moral, Cassio Oba Osanai, Camila Bevilacqua de Toledo, Gabriel César e Santos, Ana Carolina Ferreira Mendes, Débora Pinheiro
Estrutura: Edatec - Enio Canavello Barbosa
Construçao: JZ Engenharia
Coberta Terrasse Jardim
Esta
aplicação consiste na concepção, análise e dimensionamento de uma cobertura em
aço para uma área aproximada de 18.7x13.05 m. A escolha por uma estrutura
vagonada em aço reside no fato de existir a necessidade de criação de uma
estrutura de coberta leve, no sentido econômico e estético, já que o uso é para
área de eventos.
A modulação de
pilares mais adequada para a cobertura é retangular (figura 4) pois já existem
pilares em concreto armado na construção existente, onde são posicionadas as
vigas principais (figura 7). Este fato conduz a um vagonamento unidirecional
com apenas um montante em uma direção. Os efeitos de sucção do vento são
combatidos através de um tirante auxiliar (figura 5) que resulta em montantes
com apenas um sentido, apesar deste artigo focar apenas em cargas
gravitacionais. Utilizando a figura 3, chega-se uma altura de viga vagonada de
aproximadamente 80 cm, considerando um vão total de 12.65m.
Opta-se por perfis
formados a frio para a viga principal e montante, barras maciças circulares
para os tirantes e cobertura em policarbonato alveolar. Os perfis utilizados
para as 6 vigas vagonadas (figura 6) são: montantes- 2U75x37.5 ch3mm,
tirantes-barra Ø3/4" e vigas principais - 2U150x50x30 ch3mm. A viga
principal é travada a cada 67cm pelas terças U50x25 ch2.65mm.
As cargas utilizadas
para a análise estrutural são: sobrecarga-0,25 kN/m2 (NBR 8800/2008, anexo
B.5.1), peso do policarbonato-0,008 kN/m2 (catálogo da Belmetal®),
densidade do aço ASTM A36-78,5 kN/m3 (fy=250 MPa e fu=400MPa). Segundo a
NBR8800, para combinações últimas normais, a carga resultante a qual está
submetida a estrutura é: Gu=1,25 x peso próprio da estrutura + 1,5 x sobrecarga
+ 1,4 x peso da telha. Para combinações quase permanentes de serviço a carga
resultante a qual está submetida a estrutura é: Gq=peso próprio da estrutura +
0,6 x sobrecarga + peso da telha.
Planta
da cobertura Terrasse Jardim com indicação do local de aplicação da carga
nocional.
Perspectiva
esquemática da coberta Terrasse Jardim
Estrutura da
coberta Terrasse Jardim
Coberta La Tertúlia
A escolha por uma
estrutura vagonada em aço reside no fato de existir a necessidade de criação de
uma estrutura de coberta leve, no sentido econômico e estético, já que o uso é
também para área de eventos como na coberta Terrasse Jardim.
Por outro lado,
devido aos vãos não muito diferentes e na possibilidade de apoios em todas as
extremidades (figura 4.11) o vagonamento bidirecional é o mais adequado. Como
os vãos são maiores do que na coberta Terrasse Jardim opta-se por dois e três
montantes em uma direção para as vigas principais perpendiculares,
respectivamente, para o vão menor e para o vão maior. Os efeitos de sucção do
vento são combatidos através de tirantes auxiliares que resulta em montantes
com apenas um sentido.
Utilizando as
definições do item 2.2 (figura 2.13), chega-se uma altura total da viga
vagonada de aprox. 100 cm, considerando um vão total de 18.44m, que é a
distância máxima entre apoios na figura 4.11. As dimensões da viga principal
são de aprox. 14x10 cm segundo as fórmulas dadas na figura 2.12, utilizando
l´=4.62m, mas a altura foi reduzida para 10cm por se tratar de um vagonamento
bidirecional.
Perspectiva
esquemática da coberta La Tertúlia
Vagonamento
da coberta La Tertúlia
Montante da
coberta La Tertúlia
Bibliografia
Nota: 2,0
ResponderExcluirMuito bom artigo, porém TAMBÉM carece, comi citado no próprio texto, de maiores referências para Cálculo de Vigas-Vagão... Vamos buscar na Bibliografia citada...
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