terça-feira, 4 de março de 2014

(Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/179/artigo287918-1.aspx)Vigas de transição devem, sempre que possível, ser evitadas, pois são estruturas bastante solicitadas, normalmente sujeitas a grandes deformações e de difícil execução. Porém, existem casos de aplicação dessas vigas que se justificam totalmente, principalmente quando se precisa liberar uma área dos apoios de uma edificação.O Edifício Brookfield Malzoni é um bom exemplo de uso desse tipo de vigas, um uso bem planejado e com um resultado arquitetônico bastante positivo. Marcelo Scandaroli Divulgação: Brookfield
Na Av. Faria Lima, em São Paulo, um terreno de 20.000 m² mantém uma casa bandeirista, tombada em 1982 pelo Condephaat. A área preservada onde está a casa é de 2.000 m², a qual não podia ser tocada na execução do edifício ao seu redor. Para respeitar isso, foram feitas 4 vigas protendidas a 30 m de altura acima do nível do solo, com vãps de 44,4m e altura de 6m, sobre as quais estão 12 andares da edificação. As vigas estão apoiadas em pilares bastante esbeltos, para a altura de 30m. 


A complexidade da execução das vigas foi grande. Todas as vigas têm escoramento até o solo (30 m), com exceção da primeira, mais próxima à casa bandeirista. O escoramento estaria na projeção do terreno tombado. Foi feito, então, todo um escoramento ao lado, dentro do terreno permitido, e lançadas treliças para suportar a fôrma desta viga, que ficou em balanço. 
Divulgação: JKMF ação: Brookfield
Para concretagem da viga 1, no espaço aéreo da área tombada, foram engastadas treliças na viga 2, ao lado
Armação da viga e cabos de protensão. Para as vigas centrais, foram usadas 24 bainhas de 24 cordoalhas, enquanto as mais externas receberam 18 bainhas de 24 cordoalhas

Divulgação: Brookfield
Vista aérea das quatro vigas de 44,4 m. No canto inferior, à direita, está a área tombada com a casa bandeirista, que ficou protegida durante toda a obra
Para a concretagem, foram usadas fôrmas de alumínio. Cada viga recebeu todo o concreto de uma só vez, em um processo que durava cerca de 36 horas para cada uma. Foi usado concreto autoadensável com gelo, o que limitou a capacidade dos caminhões-betoneira a 6 m³, num total de 110 caminhões por viga.
Fonte: JKMF
Diagrama de momentos após a última protensão e a última carga do edifício. O momento nas vigas chegou a 60 mil tfm
Todas as quatro vigas foram protendidas em três fases: com sete dias de concretagem, depois com a concretagem da laje do 13º pavimento (quatro andares a mais), depois com a concretagem do 19o, sendo um terço de carga em cada protensão. "O momento de cálculo nas vigas principais é de 60 mil tfm", conta Mario Franco, projetista estrutural. Depois de concretadas as vigas de 44,4 m, foram feitas vigas de travamento, ortogonais a elas, com 2,50 m de altura.Fonte: JKMFCablagem das vigas de transição. Cada 12 ancoragens ativas de um lado correspondem a 12 passivas do outro, protendendo-se dois cabos de cada lado para manter a simetriaAdotou-se rigoroso controle sobre a resistência e temperatura do concreto, principalmente nas vigas da estrutura de transição. O concreto autoadensável, misturado com gelo no lugar de água, chegava com 16ºC. "Pelo estudo térmico, o concreto poderia atingir 75ºC nos pontos mais críticos. Na execução, quando a temperatura chegou a 65ºC, começou a cair, com grande alívio para nós", relata Mario Franco, projetista estrutural. Foram instalados quatro termopares em cada viga de 44,4 m para medir a temperatura do concreto durante o lançamento e por duas semanas após, para monitorar se ele chegaria a temperaturas muito altas. Para baixar a temperatura, era feita cura úmida.Para controle da temperatura, havia três funcionários da PHD (empresa de controle do concreto): um na usina, medindo a temperatura do concreto no carregamento; outro próximo às bombas, medindo a temperatura de chegada na obra; e outro acompanhava o lançamento, verificando se os termopares não eram atingidos e se não ocorria nenhum problema.No controle tecnológico, uma equipe de cerca de 12 pessoas fazia o slump flow e moldava os corpos de prova para quatro, sete, 28 e 72 dias. O concreto tinha fck 50 MPa, e muitos corpos de prova chegaram a um fck 70 MPa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário